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Erro de Cunhagem: Tesouro ou Trapaça?
⚜ Numismática Fidélis | News #022

Erros de cunhagem são como notas dissonantes em uma sinfonia cuidadosamente composta.
Chamam atenção, provocam curiosidade e, por vezes, despertam fascínio.
Mas também confundem, perturbam e dividem opiniões entre os que se dedicam à arte de colecionar.
Para alguns, esses desvios do padrão são testemunhos da imperfeição humana preservados no metal.
Para outros, são apenas acidentes que destoam da beleza e da ordem que toda boa moeda deveria exprimir.
Confesso que pertenço ao segundo grupo.
Meu olhar busca a simetria, a harmonia, a perfeição técnica que revela o gênio do gravador e o rigor da Casa da Moeda.
Não cultivo estima pessoal por moedas que trazem defeitos.
Mas isso não me impede de estudar o fenômeno com seriedade. Pelo contrário, é justamente a clareza de minha preferência que me permite olhar para o erro de cunhagem com objetividade, sem o véu do encantamento fácil.
Neste artigo, convido você a percorrer comigo este território repleto de armadilhas visuais e juízos apressados.
Vamos examinar o que realmente constitui um erro de cunhagem, por que ele acontece, e como identificá-lo com precisão. Mais ainda: aprenderemos a separar o legítimo do forjado, o acaso significativo da fraude intencional.
Porque até o erro, quando bem compreendido, pode ensinar. E na numismática, entender o que se guarda é tão importante quanto guardar o que se entende.
Que esta leitura nos aproxime da sabedoria que só o olhar disciplinado de um numismata é capaz de alcançar.
Nesta edição
🕳️ O Vazio da Perfeição: Quando a Falha Chama Mais Atenção que a Obra

"A beleza é a promessa de felicidade."
Na tradição clássica, a beleza reside na ordem.
Uma moeda bem cunhada carrega o peso de séculos de técnica, estética e precisão.
Cada relevo definido, cada borda limpa e cada inscrição legível revelam não apenas o talento do gravador, mas a seriedade de uma instituição que, ao emitir moeda, emite também um juízo de valor sobre a própria civilização.
Quando surge um erro de cunhagem, essa harmonia é quebrada.
E é precisamente essa quebra que atrai olhares e opiniões divididas. Por que um deslize técnico, uma falha mecânica ou um deslocamento do disco provocam tanto interesse?
Talvez porque ali, onde a ordem falha, emerge o inesperado, e o inesperado exige um juízo mais profundo que o mero gosto.
No erro de cunhagem, a numismática se aproxima da crítica de arte. Já não basta observar a peça. É preciso interpretá-la.
O erro é linguagem involuntária. E como toda linguagem, pode ser compreendida ou mal interpretada. Continue lendo.